
Como é a cirurgia do transplante?
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Como é a cirurgia do transplante?
Era de madrugada quando Gilmar recebeu o tão sonhado telefonema. Gilmar, apareceu um potencial doador falecido pra você! O médico ainda fez algumas poucas perguntas para certificar-se de que Gilmar estava bem naquele momento, não estava tratando de nenhuma infecção e não havia recebido transfusão sanguínea recentemente. Assim, ele foi orientado a permanecer em jejum e aguardar o resultado da prova cruzada.
A prova cruzada é o exame durante o qual o sangue de Gilmar é cruzado, isto é, colocado em contato com material do doador falecido para observar a prova que acontece dentro de algumas horas. Prova negativa significa que o sangue de Gilmar não possui anticorpos contra o doador e, portanto, pode receber o rim.
E Gilmar venceu a barreira imunológica: sua prova cruzada veio negativa! Parabéns, um dos rins do doador será destinado pra você, Gilmar!
Ele imediatamente se apresenta ao hospital onde vai ser submetido ao transplante renal, realiza novos exames para certificar-se se vai ser necessário ou não a realização de sessão de hemodiálise logo antes da cirurgia.
É uma corrida contra o tempo pois uma vez acontecida a retirada dos rins do doador falecido, os rins são preservados em solução gelada até o momento do transplante. O tempo em que permanecem fora do corpo é conhecido como tempo de isquemia fria. Apesar do tempo de isquemia fria ser de no máximo de 48h para os rins, esforços são realizados para encurtar esse tempo. Pois quanto menor o tempo de isquemia fria, maior a chance do rim funcionar e maior a sua sobrevida.
Alcançados 8h de jejum e resultados de exames satisfatórios e obtenção da assinatura do termo de consentimento para a cirurgia, Gilmar é encaminhado ao bloco cirúrgico.
Ele então recebe anestesia geral e outros medicamentos.
A cirurgia começa por meio de uma abertura obliqua na pele com bisturi na parte inferior da barriga próximo à virilha à direita ou à esquerda a depender da avaliação da equipe.
Após o corte da pele, faz-se a incisão do tecido gorduroso seguido de incisão da fáscia e bainha musculares.
Após tais incisões, afasta-se o peritônio, membrana que reveste a cavidade abdominal, com seu conteúdo e ganha-se acesso à bexiga e aos vasos que descem para a perna (os chamados vasos ilíacos).
Retira-se o rim do gelo que é então colocado na melhor posição possível no leito cirúrgico.
Em seguida, inicia-se a realização de 3 anastomoses. Anastomose? Isso mesmo, anastomose é a união entre duas estruturas por meio de uma costura cirúrgica. Em primeiro lugar, procede-se à anastomose da veia do rim doado com a veia ilíaca de Gilmar. Em segundo, procede-se à anastomose da artéria do rim doado com a artéria ilíaca de Gilmar. Pronto! Agora o rim está preparado para receber o sangue de Gilmar. E assim o rim ganha cor e fica aquecido! E para concluir, procede-se à terceira anastomose que é a união do ureter do rim doado com a bexiga de Gilmar.
Assim, é estabelecido o trajeto por meio do qual a urina recém formada pela filtração do sangue vai percorrer. E então procede-se ao fechamento da ferida operatória durante o qual é colocado um dreno para permitir a drenagem de líquido nos próximos 2 a 3 dias. Também é colocada uma sonda na bexiga através da uretra para permitir a monitoração da quantidade de urina e alívio da pressão do interior da bexiga. Tal sonda é removida após 5 dias da cirurgia.
Aqui vai uma curiosidade, os rins doentes não são removidos. A não ser em raros casos quando os rins são muitos grandes como na doença renal policística. Gilmar agora possui 3 rins: 2 rins nativos não funcionantes e 1 rim transplantado funcionante.
A cirurgia de Gilmar terminou e durou cerca de 2h. Ele então foi levado para uma sala de recuperação e 1h depois foi transferido para um leito de enfermaria. O sucesso do transplante renal depende das condições do paciente e do doador e da experiência da equipe cirúrgica.
A permanência hospitalar pode variar de 7 a 21 dias. Neste período serão feitos ajustes de medicamentos, monitoração de possíveis complicações e algumas sessões de hemodiálise podem ser necessárias até que o novo rim desperte e assume o trabalho dos rins doentes. O funcionamento do novo rim pode durar de 10 a 15 anos na média.
Gilmar levou 5 anos à espera de um rim. E agora vai desfrutar de muitos anos livres da diálise é como se ele tivesse voltado no tempo antes da insuficiência renal.
Mas desta vez com maior responsabilidade e comprometimento pois terá de aderir ao tratamento imunossupressor para permitir a aceitação do rim transplantado e terá de passar por consultas periódicas para prevenir e tratar complicações.
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